2. Nasceu no solstício de inverno.
3. Creia-me, de uma virgem...
4. Ele foi morto, no tronco de uma árvore, um madeiro...
5. Mas não se preocupe, posso apresentá-lo, vivo, porque ele ressuscitou no equinócio de primavera, a primavera - claro, do Hemisfério Norte.
6. Seu culto existiu desde pelo menos 1.200 anos antes de Cristo e seu corpo representava o pão - já que era considerado o deus da vegetação, que morre e ressuscita a cada cilo de inverno/primavera... Ele é o bom pastor... Ele chegou a ser salvador e garantidor de imortalidade aos iniciados.
7. Dizem que a estrutura de interpretação aplicada a Jesus de Nazaré, depois de morto, foi retirada do culto de Attis. De fato, o que se conta sobre Jesus é praticamente o que se conta de Attis - nasce em dezembro, de virgem, crucificado no madeiro, ressuscita e é o pão da vida, o bom pastor, o salvador...
8. Não sei se os primeiros cristãos helênicos aplicaram a Jesus esse pano de fundo comum no Mediterrâneo. O que sei é que são iguais - sem tirar nem pôr. Também não se deve esquecer que sempre houve muitas variantes de mitos - e no caso de Attis não é diferente. Em cada região, detalhes e porções mais ou menos importantes do mito são alterados. Não há uma versão, mas muitas, e o que você ouve de um iniciado em Roma não é o mesmo que ouvirá de um iniciado na Grécia. O mesmo, obviamente, vale para Jesus - em cada lugar do Império, cada iniciado contava sua história, uma história diferente. E se contaram tantas e tão diferentes que, no século IV, decidiu-se assumir uma e somente uma como "a" versão. Nesse momento, não apenas os mitos antigos dos quais se serviram os cristãos se tornaram histórias mentirosas e diabólicas, mas, ao mesmo tempo, tudo o que mesmo um cristão dissesse de Jesus, desde que diferente do que os representantes da classe sacerdotal de Roma decidiram, seria igualmente falso e demoníaco. Anos mais tarde, com a Reforma, o mesmo ocorrerá - mentira não é só o que católicos dizem, mas tudo que qualquer um que não seja de "nossa" igreja diz...
7. Dizem que a estrutura de interpretação aplicada a Jesus de Nazaré, depois de morto, foi retirada do culto de Attis. De fato, o que se conta sobre Jesus é praticamente o que se conta de Attis - nasce em dezembro, de virgem, crucificado no madeiro, ressuscita e é o pão da vida, o bom pastor, o salvador...
8. Não sei se os primeiros cristãos helênicos aplicaram a Jesus esse pano de fundo comum no Mediterrâneo. O que sei é que são iguais - sem tirar nem pôr. Também não se deve esquecer que sempre houve muitas variantes de mitos - e no caso de Attis não é diferente. Em cada região, detalhes e porções mais ou menos importantes do mito são alterados. Não há uma versão, mas muitas, e o que você ouve de um iniciado em Roma não é o mesmo que ouvirá de um iniciado na Grécia. O mesmo, obviamente, vale para Jesus - em cada lugar do Império, cada iniciado contava sua história, uma história diferente. E se contaram tantas e tão diferentes que, no século IV, decidiu-se assumir uma e somente uma como "a" versão. Nesse momento, não apenas os mitos antigos dos quais se serviram os cristãos se tornaram histórias mentirosas e diabólicas, mas, ao mesmo tempo, tudo o que mesmo um cristão dissesse de Jesus, desde que diferente do que os representantes da classe sacerdotal de Roma decidiram, seria igualmente falso e demoníaco. Anos mais tarde, com a Reforma, o mesmo ocorrerá - mentira não é só o que católicos dizem, mas tudo que qualquer um que não seja de "nossa" igreja diz...
9. Por outro lado, ouve-se uma outra espécie de argumento. Quando cultos ocorrem ainda após a era cristã, altera-se a retórica para acusar o culto de ter copiado aspectos da liturgia do Cristo... E eis a extraordinária nudez da apologia cristã, reduzida a uma soberba inamovível: a) se é o cristão a copiar dos outros, o que é dos outros é falso, e o do cristão, que copiou do falso, é verdadeiro, e, ao contrário, b) quando são os outros a copiar do cristão, o dos outros, que copiaram do cristão, é falso, mas o do cristão é verdadeiro. A coerência cristã é: eu e só eu - você, nunca - salvo se você repetir o que eu digo. O cristão sofre do pecado da presunção, da megalomania do eu. Para que a sua flor viceje, tem de pisar a flor de todo mundo...
10. Voltando a Attis, penso que, se essas coisas fossem ensinadas aos crentes e cristãos em geral, seriam menos soberbos, menos prepotentes, menos insensíveis, e evitariam aquele pecado que seu Jesus lhes aponta, em Marcos 7,22, como o fruto de um coração contaminado - a soberba...
11. Não conheço muita gente mais soberba do que um cristão...
12. Se conseguissem viver sem soberba, sabendo que tudo que aplicam a si foi copiado dos outros, talvez conseguissem mesmo ser ótimas pessoas, e talvez os mitos que copiaram de tanta gente servissem, finalmente, para fazer delas boas pessoas cristãs...
13. Nesse dia, eu acredito, haveria singela alegria no coração humilde e grato pela herança que herdou dos povos...
10. Voltando a Attis, penso que, se essas coisas fossem ensinadas aos crentes e cristãos em geral, seriam menos soberbos, menos prepotentes, menos insensíveis, e evitariam aquele pecado que seu Jesus lhes aponta, em Marcos 7,22, como o fruto de um coração contaminado - a soberba...
11. Não conheço muita gente mais soberba do que um cristão...
12. Se conseguissem viver sem soberba, sabendo que tudo que aplicam a si foi copiado dos outros, talvez conseguissem mesmo ser ótimas pessoas, e talvez os mitos que copiaram de tanta gente servissem, finalmente, para fazer delas boas pessoas cristãs...
13. Nesse dia, eu acredito, haveria singela alegria no coração humilde e grato pela herança que herdou dos povos...
Cibele e Attis, em carro puxado por leões.
Attis, observe-se, tem o cajado do "bom pastor".
Selo romano (séc. I a III EC)
Civico Museo Archeologico, Milano, Italy
14. Para os aspectos técnicos, cf. Giulia Sfameni Gasparro, Soteriology and Mystic Aspects in the Cult of Cybele and Attis.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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