quarta-feira, 14 de novembro de 2012

(2012/768) Ou é muita ignorância ou muita má fé: método histórico-crítico não tem relação com o liberalismo teológico


1. Volta e meia, o sujeito conservador saca essa de seu coldre de cristianíssimas impressões: método-histórico crítico é liberalismo teológico. Das duas uma: ou o cara é uma porta de ignorância ou é uma caixa de má fé...

2. Método histórico-crítico não tem nenhuma relação com liberalismo teológico. O inverso, vá lá: o liberalismo teológico serviu-se - até certo ponto - das metodologias críticas, mas estas são muito anteriores à Teologia Liberal.

3. Emprega-se o método histórico-crítico, embrionariamente, vá lá, mas já em seu programa funcional básico, desde antes Lutero. Quando a Reforma se expandiu, os protestantes desenvolveram-no e, por volta do século XVIII, ele estava maduro.

4. A Igreja dividiu-se. Conservadores horrorizaram-se - como até hoje, quando suas doutrinas são abaladas. No final do século XVIII, Teologia e Bíblia separaram-se - e até hoje encontram-se divorciadas. No mundo conservador, fala-se de amor à Bíblia, mas é, na verdade, devoção às doutrinas, as quais controlam a Bíblia.

5. No século XIX, a Teologia dividiu-se de novo - e uma parcela considerável adotou o Liberalismo Teológico, que teve brevíssima duração. Barth engoliu o Liberalismo e reinaugurou o conservadorismo - chamado neo, mas, no fundo, o mesmo conservadorismo anterior, a mesma Teologia clássica.

6. De modo que um iluminado que vincule método histórico-crítico, aplicado à Bíblia na tentativa de compreensão histórica da Bíblia, com Liberalismo teológico, ou é muito ignorante ou muito mala, ou os dois, uma mala sem alça e uma porta sem graxa, rangendo de emperrada...

7. Para um monte de iluminado, liberalismo é relativização de costumes.

8. É. Mas não no caso do Liberalismo Teológico, que, repito, eles parecem desconhecer.

9. A palavra "liberalismo" é empregada para muitas áreas. Está na origem dos batistas, por exemplo, no campo do liberalismo político-filosófico inglês. Mas é empregado, também, no campo da moral e dos costumes, da economia, da teologia. Em cada campo, tem um sentido diferente, significa algo totalmente diferente.

10. Os iluminados de plantão parecem usar, equivocadamente, o sentido "moral", aplicar à crítica bíblica, fazer as inferências equivocadas de que são especialistas e sair com as conclusões mais estapafúrdias...

11. Pobre Espírito Santo...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Anônimo disse...

Aponta-se Schleiermacher como o pai da Teologia Liberal. É isso mesmo?
No parágrafo 5.º da sua postagem você afirmou que o Liberalismo Teológico teve brevíssima duração. Por outro lado, o que se afirma no meio conservador é que essa teologia influenciou as igrejas históricas nos Estados Unidos na primeira metade do século XX, e que isso estaria acontecendo ainda hoje, lá e aqui, abaixo do Equador.
No entanto, parece que nessas considerações sobre a Teologia Liberal, considera-se como tal toda manifestação teológica a partir da qual não se olha para a Bíblia como a Palavra de Deus, inspirada, inerrante e infalível.
Sei que você não é historiador, mas poderia fazer um apanhado sobre esses pontos, a saber, o que é afinal Teologia Liberal, quando aconteceu de fato, quem foram seus principais representantes e, se, de fato, sua duração foi brevíssima, o que é que se vive hoje e que os conservadores continuam chamando de liberalismo teológico?
Um abraço!

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