1. Há dois mil e quinhentos anos que o mundo conhece alguma coisa como "Juízo Final". Os persas, ao que tudo indica, inventaram a coisa, desdobrando-a, arrisco, de conceitos anteriores. Mas a noção de um "dia" de enfrentamento do Mal pelo Bem é persa.
2. Os judeus aprenderam a coisa e a usaram à beça. Pudera! Subjugados por persas, gregos e romanos, só podiam imaginar-se fugindo... Onde o mundo inteiro é do mal, só fugindo dele: "o mundo jaz no Maligno"...
3. O Cristianismo herdou esse espírito de fuga do mundo - literalmente, nos mosteiros, e, mais culturalmente, no imaginário cristão da paróquia, dos peregrinos: estamos indo para casa, aqui não é nosso lugar...
4. Essa ideia conjunta de que estamos indo para casa - o "céu" - e da conflagração violenta de todas as coisas - o Armagedom - fez da autocompreensão cristã uma compreensão de exílio: estamos no exílio, a vida é o exílio da alma e precisamos ir para casa...
5. Ele até nos virá buscar... Hoje, amanhã, mês que vem, ano que vem, na década que se avizinha, século que vem, em mil anos, ai!, como demora?!
6. Como, senhores e senhoras, haveríamos de ter sensibilidade ecológica, habitando um mito assim?
7. Nunca! - como, de fato, nunca tivemos...
8. Agora, o que há de cristão a falar de "ecologia" não está no gibi...
9.Eu até aceito, se não me fizerem da Ecologia um conceito de Deus, cristão, bíblico...
10. Se alguém juntar na mesma frase as palavras "ecologia" e qualquer uma das palavras "Deus", "Igreja" ou "Bíblia", desculpe-me, mas considerarei uma peça político-programática...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
(No título) ... ou pós-milenistas!
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