1. Talvez até se possa dizer que a cultura me moldou. Não vou entrar nesse detalhe. Teria coisas a escrever que é melhor guardá-las...
2. Mas quero falar da pulsão hétero que experimento. É um impulso orgânico, somático, psicológico, cerebral, glandular, genital. É a fêmea, a visão da fêmea, seu corpo, suas curvas. Não, nada de pé e mãos, mas as curvas que caracterizavam até as deusas da fertilidade - mamas e quadris, púbis e mamilos. Isso é genético.
3. Não é algo que eu possa "evitar". É algo que eu posso apenas controlar. E tenho de controlar, porque, monogâmico e com votos de fidelidade que me são inquebrantáveis, devo lutar contra meus instintos de macho que vive em espaços frequentados por fêmeas apetecíveis.
4. Isso tem de vir lá de dentro, lá de muito profundo. Morin diz que se trata do paleoencéfalo, aquela região primitiva do cérebro que cuida do sexo e da violência, instintos primitivos, do início de nossa caminhada no planeta, antes de nos tornarmos Homo sapiens.
5. Concordo.
6. E fico pensando na pulsão homossexual. Meus amigos, se um homem ou uma mulher homossexuais experimentam, pelo mesmo sexo, a pulsão que experimento pelo sexo oposto, compreendo-os com toda a empatia.
7. Não, não consigo imaginar-me experimentando a pulsão homossexual. Mas consigo compreender o que deve ser para um homossexual ou uma homossexual experimentar a mesma pulsão que experimento, no meu caso, por outro sexo.
8. Eu estou inclinado a considerar que se trata de um fenômeno biológico/psicológico, orgânico. Não trataria como um defeito, mas como um "desvio" da evolução. Não vem ao caso. O que vem ao caso é: se José experimenta por José e Maria experimenta por Maria a mesma pulsão que eu experimento pela fêmea humana - e que decidi permitir expressar-se apenas em relação a Bel -, então compreendo, como irmão de pulsões, meus irmãos homoafetivos.
9. E só posso desejar que sejam tão felizes quanto eu sou.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
Eu também os compreendo e respeito. Cada um que dê e receba o que quiser e de quem quiser. Desde que isso não seja fruto de um adoecimento, que, para homo e héteros, como diria freud, é algo não a se respeitar ou criticar, mas a se tratar. Um abraço, grande osvaldo.
liberdade, beleza e Graça...
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