2. Sim e não.
3. Sim: não houvesse algo lá para ser visto, não houvesse a luz que incide sobre as coisas, não houvesse as coisas sobre as quais a luz incide, não houvesse nos clones e bastonetes de nossos globos oculares, não houvesse o nervo ótico, não houvesse o cérebro - não houvesse uma única coisa dessas, e não veríamos nada.
4. O mundo está lá, a Tabela Periódica, as coisas, o ambiente, a universo físico, o "real".
5. Sim, vemos o mundo. E, todavia, ao mesmo tempo, não.
6. Não, porque a imagem que fazemos dele depende, também - e é sobre isso que estou falando aqui, hoje -, de nosso estado de ânimo.
7. Se você está muito cansado, deprimido, triste, se seu espírito está abatido, as cores do mundo desaparecem. Como um papel velho de anos, amarelado e sem graça, o mundo perde seu atrativo. A sensação que toma você é a de que não vale a pena, de que tudo é sem graça, sem gosto, sem cor.
8. Porque a percepção que temos do mundo é psicológica - as cores, é a alma da gente que põe. Naturalmente que não estou falando meramente do espectro da luz - mas do significado que isso tem para nós: dias gris, dias de luz, dias tristes, dias alegres, dias amargos, dias doces, dias desanimados, dias de libido: tudo isso é magia e alquimia da alma...
9. Quando se está num dia cinza, opaco, desinteressante, quando o corpo pede descanso, quando a alma quer silêncio, quando a poluição na alma ofusca o brilho dos olhos - não, não é a vida que perdeu o valor, é a sua capacidade de conceber valor para a vida que diminui.
10. Nesses dias, aquiete-se e espere. Talvez, caminhe. Mas não se trata de um dia em que se tomem decisões ou que se julgue por ele a vida inteira.
11. Porque ele vai passar.
12. E, quando passar, as cores do dia serão tão fortes que acharemos que é assim que as coisas realmente são: mas não - é justamente nesse dia que nossa máquina de pintar o mundo está funcionando a todo vapor.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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