1. Corrigir monografias e dissertações não é tarefa das mais fáceis.
2. Como descanso para minha cabeça, deixem-me dar três "dicas" sobre um trabalho monográfico, ou, dito de outro modo, deixem-me dizer quais os três pontos sobre os quais quem estiver escrevendo trabalhos acadêmicos deve se dedicar.
3. Primeiro, conteúdo. Trabalhos monográficos que são reflexões sobre livros encontrados em bibliotecas ou sobre o que o próprio pesquisador pensa são muito pobres e equivocados. Nenhum trabalho sério (pode prescindir de partir do que as "autoridades" (os fundadores de correntes de pensamento sobre o tema) já escreveram. Na prática, tenho de discutir os autores fundamentais e suas obras magnas relacionadas à minha pesquisa. Caso contrário, meu trabalho não tem valor acadêmico.
4. Segundo, e o mais desprezado: crédito a fontes. Com exceção de juízos de valor e lugares-comuns, nenhuma afirmação do trabalho pode prescindir de crédito (na prática, um parágrafo sem nota de rodapé, dizendo de onde a informação foi extraída é forte candidato a: a) plágio ou b) erro no uso de fontes - nos dois casos, reprovação do trabalho.
5. Terceiro, e o mais desagradável - a falta de fluidez do texto. Não falo em ser poético: falo em ser bem escrito. Que dor de cabeça decodificar um texto em sua dimensão gramatical, quando ele está mal redigido. Uma tortura. É preciso tomar muita atenção com subordinações, concordâncias, regências, com a estruturação dinâmica da narrativa. A leitura deve soar natural. Deve escorrer, como óleo...
6. Isso quer dizer que nenhum trabalho pode ser corrigido menos do que três vezes. Não é possível prestar atenção em todos esses itens ao mesmo tempo. Tenho que ler corrigindo conteúdo, depois, crédito, depois, narrativa. Claro que coisas de um item podem ser pegos na correção de outro - mas "liberar"o trabalho, com relação a cada um dos itens, só com leituras específicas, atentas às questões pertinentes a cada caso.
7. Dá trabalho.
8. Por isso, bons alunos são disputados a tapa.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
PS. perguntam-me qual o mais importante. Nenhum e todos. Todavia, crédito de fonte é obrigação ética do pesquisador. Um belo texto já é dom... Se eu tiver de escolher, prefiro um texto melhor referenciado do que um belo escrito, sem créditos. Não se trata de poesia, para o pesquisador deixar escapar o conteúdo da pleura: trata-se de um relatório de pesquisa. Se belo, tanto melhor. Mas é melhor que tenha mais base do que seja mais belo...
PS. perguntam-me qual o mais importante. Nenhum e todos. Todavia, crédito de fonte é obrigação ética do pesquisador. Um belo texto já é dom... Se eu tiver de escolher, prefiro um texto melhor referenciado do que um belo escrito, sem créditos. Não se trata de poesia, para o pesquisador deixar escapar o conteúdo da pleura: trata-se de um relatório de pesquisa. Se belo, tanto melhor. Mas é melhor que tenha mais base do que seja mais belo...
Um comentário:
Bom texto, Prof. Osvaldo. Permita-me dar uma opinião. Entendo que, mesmo com a "exigência" acadêmica para um trabalho monográfico entre 30 e 50 páginas, o assunto pode requerer muito mais, justamente pelos dois primeiros fundamentos que ressaltou: conteúdo e fontes. Uma pesquisa séria, crédito a fontes e fluidez em todo o texto pode levar um Projeto a mais de uma centena de páginas. Todavia, devemos lembrar daqueles que tentam "burlar" estes fundamentos, aumentando o espaçamento, margens, o tamanho da fonte, citando páginas inteiras sem um pensamento coeso. Quanto a estes, nao dá para "aliviar". Abraços, Ângelo.
Postar um comentário