1. Qualquer explicação que se tenha dado à religião, até agora, que não tenha levado em conta a psiquê e o cérebro humanos, ambos, em trabalho complexo e recursivo, está longe de compreender o fenômeno. A religião tem fundamento biológico e psicológico - não falo, obviamente, de seus conteúdos, que são, todos, culturais. Falo do fenômeno em si, que, a despeito de ser necessariamente histórico e cultural, tem fundamento biológico (cérebro-neuronal) e psicológico.
2. Daí que qualquer tentativa de crítica do neopentecostalismo - a despeito dos milhões de fieis - e da literatura de auto-ajuda - a despeito dos milhões de leitores - equivoca-se em julgar que a religião é aquilo que acontece "fora" da consciência do sujeito...
3. Também vai se equivocar quem julgar que a religião é o que acontece, então, dentro da cabeça dele.
4. A religião é o conjunto - a coisa ritual, social, histórica e cultural tomada e interpretada pela mente (pelo cérebro!) do sujeito religioso.
5. Não se pode escolher para que lado se vai, para explicar o todo. Deve-se explicar o todo.
6. Sim, não resta dúvida que os escritores de auto-ajuda ganham fortunas com isso. Também muitos pastores. Isso não significa que a religião e a auto-ajuda seja mera manipulação. Também é - mas não se resume a isso.
7. Acho que não há religião sem manipulação. Mas não há apenas manipulação na religião: há necessidades do sujeito que se cuidam satisfeitas pela religião - e é aí que se aplica, certeiramente, a manipulação.
8. Também penso que seja mais do que placebo. Em muitos casos, é eficiente.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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