sexta-feira, 11 de maio de 2012

(2012/434) Da presença de Grego e Hebraico nos cursos de Teologia

1. Bem, estamos diante de uma questão delicada - é necessário - ainda - fazer constarem as disciplinas instrumentais de Grego e Hebraico nos cursos de Graduação em Teologia (cristã)?

2. Trata-se de uma questão delicada.

3. Estamos diante da manutenção de um "fetiche"?

4. Algumas considerações muito breves.

5. No catolicismo, o alto pensamento teológico se dá na cúpula. O povo passa longe, muito longe da teologia "acadêmica". Mesmo com o Vaticano II, o curso que a "leitura popular da Bíblia" ganhou está longe de impor a necessidade das línguas. É um cabo de guerra... A despeito da maioria dos fundadores dominarem a exegese alemã, não é essa a direção que o rio toma, nas ruas... É o "Espírito"...

6. No mundo evangélico, as igrejas tradicionais faziam que usavam Grego e Hebraico, mas, em tese, a retórica dava alguma sustentação à presença das disciplinas no currículo. Hoje, com a neocarismatização quase que total da plataforma evangélica - a emocionalização geral, a superficialidade subjetiva da fé, a absoluta desinformação crítica, o absoluto desinteresse pelo estudo -, ou seja, esse deplorável status quo, sem dúvida, faz de Grego e Hebraico uma piada...

7. Mais do que isso: faz da Bíblia uma piada... Uma piada de muitíssimo mau gosto.

8. Todavia, a Bíblia ainda é usada magicamente, metaforicamente, alegoricamente, como que para dar sustentação política e sobrenatural ao "circo da fé" - que aí está há séculos. Já o Grego e o Hebraico são perfeitamente dispensáveis. Inúteis. Qualquer Bíblia comercial, dessas de outdoor, resolve a questão da fé...

9. Para quem a Bíblia não é mais um livro - é a boca de Deus; para quem os textos bíblicos não são textos do passado e para o passado, mas celulares por meio dos quais o Espírito Santo manda torpedos para os crentes - Grego e Hebraico são risíveis.

10. Eu poderia dizer que Grego e Hebraico são marcas de resistência... Eu, pessoalmente, não abro mão. Impossível ler, seriamente, a Bíblia, no vernáculo - também por conta da pobreza e dos erros grosseiros das traduções comerciais, quaisquer que sejam.

11. Mas, devo admitir, os cursos precisam de alunos. É o mercado a ditar a norma...

12. Assim, os cursos que têm as línguas acabam por ensiná-las como que "para inglês ver", e os alunos fazem que aprendem como uma espécie de carma do qual se livrarão depois de amanhã...

13. Pobre Bíblia.

14. Paupérrima fé...

15. É o ocaso.

16. Não tem volta.

17. Porque nenhum líder de massa está interessado em "conhecimento". Muito, muito pelo contrário.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

|Magno| disse...

É...
Discutimos do por que os que defende a bandeira do Cristianismo, ou melhor, tá mais para a bandeira de suas igrejas e crendices, são tão pobre de conhecimento;

Criticamos nossas lideranças, mas quando temos a oportunidade que muitos deles não tiveram, ou quem sabe tiveram, mas não aproveitaram, deixamos as oportunidades escaparem por falta de compromisso e responsabilidade com nós mesmos.

Somos uma geração de alunos indisciplinados!

Se quisermos mudar o mundo, antes de tudo devemos mudar a nossa mesmos, já dizia Gandhi.

Espero que não seja tarde de mais, que possamos tomar vergonha na cara, e venhamos mudar nosso modo de pensar e que a práxis seja verdadeira.

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