1. Como entramos na temporada das coisas ditas para vender telejornalismo - e, agora também, blogpostalismo - uma enxurrada de declarações sobre as causas das "revoluções" na Tunísia e no Egito foi canalizada para um leito curioso: creditam-se as duas reações populares às redes sociais e ao twitter - isto é, à Internet. Pode ser. Mas eu duvido.
2. Não acredito que a Internet, via redes sociais e twitter, tenha sido a "causa" desses episódios, um dos quais ainda se desenrola enquanto escrevo. No Iêmen, parece que se ensaia um outro. O Joelmir Beting, anteontem, já afirmava, célere - e precipitado, sob meu juízo -, que, por causa dessas redes sociais e twitteres da vida, até 2020 - sim, dentro de uma década!, já não exitirão ditaduras no mundo... Professores de faculdades estadunidenses já anunciam que Irã, Rússia e Sri Lanka são candidatos fortíssimos a caírem no alçapão da revolução cibernética - isso em cinco anos!
3. Por outro lado, nem todo mundo crê na relação direta entre essas "revoluções" e aquelas redes - por exemplo, "As redes sociais e mais uma revolução que nunca houve". Permito-me acrescentar-me a essa lista eventualmente menor. Tão logo ouvi as notícias, desconfiei delas, tanto quanto desconfiei imediatamente da "barriga" que certamente se dava no caso do cão que não saía de perto da cova da dona morta na tragédia da Região Serrana do Rio - a avalanche de notícias a respeito punha à mostra a incompetência jornalística de que estamos cercados, e apela ao sensacionalismo que anima, de um lado, a mídia, e, de outro, o público, na era dos BBB e dos Datenas e dos Montes.
4. Não se trata de uma afirmação "científica". Não tenho como desmintir cientificamente as declarações, reportagens, blogpostagens. Trata-se de uma opinião, de uma hipótese - que até pode ser testada e falseada. Em si, a hipótese é científica. Na forma em que a apresento aqui, não. Mas alguém pode reconstruir cada momento dessas revoluções e verificar o que é, afinal, que aconteceu por trás das câmeras.
5. Para encerrar, um breve comentário político: a mídia brasileira cai de pau em cima de Lula por causa de sua relação com o Irã. Ora, ora, ora - os Estados Unidos "investem" bilhões - bilhões! - de dólares anualmente no governo do Senhor Mubarak, o "faraó" egípcio, que está no poder há 30 anos, e o que é que você escuta dessa mídia sem-vergonha? Nada. Pelo contrário - correm a nos fazer ouvir preocupadíssimas manifestações da Sra. Clinton. As reações populares do Irã foram tratadas com desejo iconoclasta de queda do Governo local - as do Egito, com trêmulos joelhos. Mídia bandida, mídia vendida - uma desmídia. Uma vergonha...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Não acredito que a Internet, via redes sociais e twitter, tenha sido a "causa" desses episódios, um dos quais ainda se desenrola enquanto escrevo. No Iêmen, parece que se ensaia um outro. O Joelmir Beting, anteontem, já afirmava, célere - e precipitado, sob meu juízo -, que, por causa dessas redes sociais e twitteres da vida, até 2020 - sim, dentro de uma década!, já não exitirão ditaduras no mundo... Professores de faculdades estadunidenses já anunciam que Irã, Rússia e Sri Lanka são candidatos fortíssimos a caírem no alçapão da revolução cibernética - isso em cinco anos!
3. Por outro lado, nem todo mundo crê na relação direta entre essas "revoluções" e aquelas redes - por exemplo, "As redes sociais e mais uma revolução que nunca houve". Permito-me acrescentar-me a essa lista eventualmente menor. Tão logo ouvi as notícias, desconfiei delas, tanto quanto desconfiei imediatamente da "barriga" que certamente se dava no caso do cão que não saía de perto da cova da dona morta na tragédia da Região Serrana do Rio - a avalanche de notícias a respeito punha à mostra a incompetência jornalística de que estamos cercados, e apela ao sensacionalismo que anima, de um lado, a mídia, e, de outro, o público, na era dos BBB e dos Datenas e dos Montes.
4. Não se trata de uma afirmação "científica". Não tenho como desmintir cientificamente as declarações, reportagens, blogpostagens. Trata-se de uma opinião, de uma hipótese - que até pode ser testada e falseada. Em si, a hipótese é científica. Na forma em que a apresento aqui, não. Mas alguém pode reconstruir cada momento dessas revoluções e verificar o que é, afinal, que aconteceu por trás das câmeras.
5. Para encerrar, um breve comentário político: a mídia brasileira cai de pau em cima de Lula por causa de sua relação com o Irã. Ora, ora, ora - os Estados Unidos "investem" bilhões - bilhões! - de dólares anualmente no governo do Senhor Mubarak, o "faraó" egípcio, que está no poder há 30 anos, e o que é que você escuta dessa mídia sem-vergonha? Nada. Pelo contrário - correm a nos fazer ouvir preocupadíssimas manifestações da Sra. Clinton. As reações populares do Irã foram tratadas com desejo iconoclasta de queda do Governo local - as do Egito, com trêmulos joelhos. Mídia bandida, mídia vendida - uma desmídia. Uma vergonha...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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