sábado, 8 de janeiro de 2011

(2011/005) Nenhum lugar é tão triste quanto


1. Nenhum lugar é tão triste quanto aquele em que se está, se nele se está só, e, se, com só, quer-se dizer só com as próprias dores e tragédias. Nenhuma pedra para sentar, nenhum galho de árvore, nenhum riacho, nenhum campo de várzea, nenhum barranco, tudo é menos triste quanto cá, se cá se está só. É quando nem o coração da gente está com a gente, e tão só estamos que a boca está seca, e corre pó nas veias esturricadas do corpo-caatinga que nos anima.

2. Talvez o homem tenha nascido para ser triste, para carregar dentro de si a dor do mundo, e por isso, lute tanto para fingir que não é destino dessa sorte inamovível. É por isso que as religiões nos ponham a todos em panos de tristeza, e, conosco, mentem-nos alegrias de amanhã, porque é assim que somos, mentirosos da alegria que um dia encontraremos.

3. Mas quer saber? Que se dane que a Deusa Mentira proíba-nos de mentir, ela, Senhora Inigualável das Mentiras de Corpo e Alma... A gente ouve 1/4 de reggae e pronto, já vai gargalhando de novo... a gente e a bocarra escancarada de dentes da gente...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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