quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

(2010/095) Regra dos três dedos



1. Imaginada seja uma linha que nos corte a testa, distante a três, quatro dedos da altura máxima do crânio, linha que quase nos chegaria às sobrancelhas, caso sim, caso não, as pessoas são, afinal, relativamente distintas. Pois bem, dessa linha para baixo, nada nos distingue dos bichos.

2. Nada. As porções cerebrais aí contidas - nada. Os aparelhos todos do organismo - nada. O fluxo e refluxo dos líquidos, das emulsões, das gosmas - nada. Os fenômenos - todos - de comer, beber, copular, excretar, copular, correr, cheirar, copular - nada. Tudo aí veio da lama primitiva, dos bichos todos que perambulam pelo mundo, que julgamos nosso.

3. Mesmo esse pequeno espaço de três, quatro dedos, mesmo ele, é, ainda, animal, mas quis a vida (modo de dizer, porque, afinal, ela nem se dá conta disso) que aí surgissem novas propriedades - a imaginação, o "sonho", os delírios próprios da consciência. Basicamente, isso é o especificamente humano - conquanto, animal, seja coisa de bicho, e sempre o será: ainda quando toque as estrelas - em todos os sentidos...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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