quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

(2009/644) Deixai-me, pois, fingir!


1. Disse-o, do alto de sua cátedra, o poeta:


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente


2. Deveras... E também não apenas os poetas, mas as almas sensíveis, eu o diria, forjando aí uma distinção - se é que há. Porque, deixai-me explicar, tenho que ouvir o Mendes e sentir a dor fingida, porque, depois de Bel, é impossível sentir essas dores, malgrado elas arranhem cá o coração. Coisas do Pessoa. Deveras...

3. Primeira dor que finjo doer - tão dolorida que de fato dói a dor fingida: ela deveria ser ouvida, depois ou antes de se ler Eu, de Florbela Espanca...




4. Essa me força a imaginar o inimaginável...




5. Ah, esses poetas. Ajudam-nos a fingir de dor a dor que de fato existe. O poeta é alguém a que lhe faltou uma Bel...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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