quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

(2009/643) Sinto-me velho, aos [quase] 44


1. Pensei que o sentimento de envelhecimento chegasse depois dos sessenta... No meu caso, veio mais cedo. Aos quase (faltam cinco dias) 44 anos, vejo-me em plena sensação de estar velho.

2. Estou velho para o jogo atual.

3. No mundo evangélico, estou velho, porque não consigo encenar as pantomimas de palavras de ordem, os gestos extáticos da "espiritualidade" ascendente, os cânticos novos, de velhas guerras, as atitudes bovinas. Com o "deus" da moda, não dá, e com o anacrônico "diabo", pior ainda. Não, não posso. Que saudade das catedrais vazias... Mas, ai, agora, estão cheias de gente...

4. Estou velho para o mundo de modo geral, porque os dias são dos canalhas, os dias e a as noites!, cada vez mais. Não há mais espaço para a simplicidade. Ou você é sofisticado, ou está fora. Estou fora. Estou velho.

5. E, no entanto, a vida precisa continuar. Cada vez mais, refugio-me em meu lar. Sair de casa, enfrentar a vida, é, cada vez mais, um transtorno, um esforço sobre-humano, uma odisséia da vida privada...

6. Onde foi, Deus, que erramos o caminho? Eram meus olhos de criança que não me deixavam ver, então, que a vida sempre foi isso?, ou, de fato, destruímos, pouco a pouco, o bem viver? Sinto que, em vinte anos, destruímos, sem piedade, um modo antigo de estar vivo. Onde estás, esperança?


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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