sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

(2012/135) Uma resposta de Gael. Cleinton, Cleinton Gael - dar-lhe-ei um lugar de honra.


1. No post (2012/129), onde dei um chega pra lá na apologética, Cleinton deixou um comentário. Não, não é um comentário - é um desnudamento de si. Cleinton tem ainda aquela garra retórica apaixonada que eu enfrentei um dia, ele me diz. Lembro-me muito vagamente. Nem sei se lembro por mim mesmo ou se criei uma lembrança depois que ele me contou que me "enfrentou" em sala de aula. Eu devia estar num daqueles dias em que Bel me beija de manhã, e eu saio flutuando... Vai ver foi isso...

2. Cleinton, meu amigo. Aqui vai sua resposta. Não vou comentá-la. Ela deve ficar como um quadro na parede, daqueles que a gente acha que vai passar, mas, quando passa, tem que parar e dar uma olhada.

caro osvaldo.
aprendi coisas novas com o passar dos anos. uma delas pode até parecer banal, mas foi uma grande descoberta para mim; aprendi que ser de esquerda não é sinônimo de ser progressista e que ser de direita não significa sinal de retrocesso. aprendi com um gênio chamado césar guimarães, meu professor no doutorado - que não tem documentos, pois é doutor notório saber! - que existem esquerdistas retrógrados e direitistas progressistas. outra coisa nova que aprendi é que genial é quem consegue viver com sabedoria as limitações humanas. genial é quem faz a transformação acontecer do lugar onde está. genial é buscar transformar o PT, por exemplo, sem ter de sair para outro partido, dizendo-se frustrado com os erros humanos cometidos (os humanos sempre errarão, ora bolas!). genial é conseguir fazer a apologética com crítica, entendendo a força de um evangelho que, mesmo nas mãos de simples pregadores de "hermenêutica torta", fazem a revolução que vemos no "Santa Cruz", do João Moreira Sales. aprendi que, apesar da canalhice marcante de muitas das decisões, tem muita gente boa na direita. aprendi que, apesar da ideologia que parece sempre ter razão, e se dizer sempre em favor dos menos favorecidos, tem muita gente má na esquerda. aprendi a olhar para pessoas como você, em pleno momento de gritos de "herege! herege! herege!", e falar: "aprendamos com ele, pois o cara é maravilhoso e mais crente do que a maioria dos que o atacam!". ao mesmo tempo, aprendi a chamar de canalhas - e sempre na cara! - a muitos que eram tidos como santos pela maioria. perdi dinheiro, posição e amigos por isso, mas nunca me arrependi. eu sou um pregador do evangelho, osvaldo. poucas vezes você verá um pregador mais apaixonado do que eu num púlpito. eu amo isso incondicionalmente. ao mesmo tempo, no entanto, aprendi a fazer a crítica da crítica. na igreja, me dizem; "mas como é que o pastor consegue lidar com Marx e com o púlpito ao mesmo tempo?!". na academia, dizem; "mas como é que você consegue ser o que é academicamente e escrever isso tudo, sendo pastor, atrelado a uma igreja evangélica?!". no final das contas, eu apenas dou de ombros e continuo a vida. mas, no fundo, no fundo, osvaldo, eu gostaria de ter coragem para dizer como o nietzsche; "vai ver é porque eu sou bom, pô!". rsrsrs 
ps: meu tempo curto e corrido me impede de lhe escrever tão cedo a resposta que prometi. para não ficar na promessa mentirosa, então, ficam apenas as perguntas que já fiz. acho que elas já são suficientes e bem melhores do que aquilo que eu ainda poderia acrescentar. pelo menos por enquanto. há braços...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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