Um equívoco comum das leituras bíblicas.
Éden.
A expressão, adequada, é "e sereis como 'Deus'"...
O leitor "entra na da" retórica... Crente que é, ele se faz ainda mais: "o pecado de Adão e Eva" foi querer ser como Deus...
E lá se vão 12.768 artigos, 792 livros, incontáveis sermões...
Qual o equívoco?
É política.
Você até pode fazer de conta que a religião é o que a própria religião diz, o que faz de você um crente e, ao mesmo tempo, um tolo. A religião não é o que a própria religião diz que é. A religião é política. Todas elas. Nada mais do que política. E tudo o mais que ela pode ser e é não passa de um subconjunto da política...
Logo, o que deveria fazer o leitor?
Abrir a coisa em sentido sócio-político. Se alguém estava à época a não querer que as pessoas fossem como os deuses, o que isso quer dizer concretamente? Quem está por trás da narrativa? Ser como os deuses, aí, é o quê?
A narrativa responde: conhecer o que é bom (não é o bem, é tov, bom) e o que ´[e ruim (não é o mal, é mau, ra'). Quem conhece o que é bom e o que é mau, isto é, quem sabe o que é bom e o que é mau, quem decide o que é bom e o que é mau, quem é livre, quem tem autonomia, quem manda no próprio nariz, é como os deuses...
Quem escreveu essa passagem não quer que as pessoas para quem ele escreve saibam o que é bom e o que é ruim...
Esse indivíduo quer que as pessoas, para decidir o que é bom e o que é ruim, consulte, ai, infâmia!, ai, blasfêmia!, os deuses - ou seja: ele, esse mesmo sujeito que escreveu o texto.
O povo não pode decidir. O povo tem de ir bater cabeça aos pés desse indigente ético...
Não tem nada de extra-cultural aí, nada de sobrenatural aí, nada de extra-político aí...
Política.
(...)
Aí, vem o neo-crente, o leitor metafórico-pós-moderno, dizer que há sentidos profundos nesse texto e que mitos são verdades em sentido profundo...
Pode apostar um braço: é pregador.
(...)
Aí, vem o neo-crente, o leitor metafórico-pós-moderno, dizer que há sentidos profundos nesse texto e que mitos são verdades em sentido profundo...
Pode apostar um braço: é pregador.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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