sábado, 6 de abril de 2013

(2013/406) Qual a vantagem, afinal, de ser cristão?


1. Em um centro de tratamento de pessoas com distúrbios psicológicos, 65% são católicos, 25% são evangélicos, uns 7% são de outras religiões e o restante declara-se sem religião. O que isso significa? Que as proporções representam, grosso modo, a presença dessas categorias culturais na estrutura social brasileira. O que isso significa? Que o fato de serem cristãs não faz nenhuma diferença para elas, quanto à sua patologia psíquica - a proporção entre cristãos, não-cristãos e não-religiosos com problemas psicológicos e a proporção desses grupos na sociedade é a mesma...

2. Ser cristão não faz ninguém deixar de sofrer distúrbios mentais...

3. Isso já está suficientemente mapeado - há trabalhos acadêmicos mapeando a questão.

4. Avancemos. Aqui, por hipótese, que arrisco. Pense um grupo evangélico, um grupo católico, um grupo de maçons, um grupo de ateus e um grupo de religiosos não-cristãos: não tenho nenhuma dúvida que o fato de serem cristãos não fará com que fiquem menos doentes do que os demais. Ser cristão não garante saúde para ninguém.

5. Naturalmente que se trata de hipótese, mas qualquer um pode fazer a pesquisa: se já não foi feita. É muito fácil mapear essa proposição.

6. Avancemos. Tomem-se os mesmos grupos. Mapeiem-se os doentes desses grupos. Eis minha hipótese: nenhum cristão ficará curado em proporção diferente de qualquer doente de qualquer outro grupo, ainda que seja da igreja mais curandeira do bairro... Não há nenhuma vantagem no fato de ser cristão - se doente, ficará curado na proporção estatística de toda a população, sem privilégios.

7. Naturalmente que se trata de hipótese. Todavia, é muito fácil demonstrá-la - e não temo estar errado, porque uma pesquisa revelaria o óbvio ululante...

8. Mais um passo. Tomem-se esses grupos: quantos deles terão filhos, pais, avós, mães, filhas, irmãs, em cadeias? Esse levantamento já existe - o número de cristãos presos é compatível com sua proporcionalidade estatística: nem aí, nem mesmo aí, há vantagens...

9. O que isso significa? Que os cristãos deviam pôr a mão na consciência e saber que a única coisa em que podiam ganhar dos demais era em compaixão, caridade, acolhimento, tolerância, boa vontade - mas é aí onde a proporção é gritantemente desfavorável a eles: quanto mais cristãos, mais cabeça dura e com coração mais fechado...

10. Não é privilégio seu - mas como se esforçam para ganhar pelo menos essa disputa...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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