1. Sinto-me como um cometa em órbita excêntrica em torno de mim mesmo...
2. Sinto que, a cada cumprimento da elíptica, meu apoastro se distancia, vou mais longe, para o cada vez mais escuro e infinito...
3. Mas, excêntrica ou não, é órbita, e caio de volta, em direção a mim mesmo, para, então, lançar-me outra vez...
4. Paradoxo: esse movimento de ir e de voltar, sempre, é da ordem da identidade, da manutenção daquele núcleo "eterno", enquanto é chama, que se guarda a si mesmo na transformação ininterrupta das elípticas...
5. Lanço-me a mim mesmo cada vez mais longe, mas sempre volto, porque, a despeito da imensidão lá fora, sei quem sou: eu sou essa coisa de lançar-se e querer voltar, de saber o caminho e ir sempre além, de querer ir embora e de voltar sempre para casa...
6. Acho que sempre desdobrei-me de mim mesmo - e que as oposições que me habitam são eu mesmo, síntese dos contrários que me constituem...
7. Dois deles, os nomeio: a racionalidade inegociável do Real e a mística feérica do Inefável.
8. A racionalidade - ou será a mística? - me lança para o meu cada vez mais longe apoastro, ao passo que a mística - ou será a racionalidade? - me trás de volta, sempre, para meu mais íntimo periastro. Cada vez mais longe e, todavia, ou, por isso mesmo, mais perto...
9. Olhar para os dois abismos - o de fora e o de dentro - promovem-me a vertigem suficiente para viver, eu, a animar-me, Ogro e Mago: Ogro, a devora-me a alma mística, Mago, a encantar-me a mandíbula de Ogro... O Ogro devora o Mago que encanta o Ogro que devora o Mago que encanta o Ogro...
10. Tao.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
Senti-me nesse texto e peço-lhe a autorização para transcrevê-lo da forma abaixo no meu blog. Posso? Ou cometi o pecado de adultério?
Sinto-me como um cometa
em órbita excêntrica
em torno de mim mesmo...
Sinto,
a cada cumprimento da elíptica,
meu apoastro em distância...
vou mais longe,
para o cada vez mais
escuro e infinito...
e caio de volta,
em direção a mim mesmo,
para lançar-me outra vez...
movimento de ir e de voltar,
sempre,
ordem da identidade,
manutenção do núcleo "eterno",
enquanto é chama,
que se guarda a si mesmo
na transformação
ininterrupta das elípticas...
Lanço-me a mim mesmo
cada vez mais longe,
mas sempre volto:
a despeito da imensidão
lá fora,
sei quem sou:
eu sou essa coisa
de lançar-se e querer voltar,
de saber o caminho e ir sempre além,
de querer ir embora e de voltar sempre
para casa...
desdobro-me de mim mesmo,
as oposições me habitam,
são eu mesmo,
síntese dos contrários que me constituem...
um me lança para o meu cada vez mais longe
apoastro,
outro me trás de volta,
sempre,
para meu mais íntimo
periastro.
Cada vez mais longe e mais perto...
Olhar para os dois abismos
- o de fora e o de dentro -
promovem-me a vertigem
suficiente para viver,
eu,
a animar-me,
Ogro e Mago:
Ogro, a devorar-me a alma mística,
Mago, a encantar-me a mandíbula de Ogro...
O Ogro devora o Mago que encanta o Ogro que devora o Mago que encanta o Ogro...
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