1. Alguém pode achar que é implicância minha não ouvir nem muito menos gostar de ouvir gospel. Não ouço. Quando toca, se puder, saio de perto...
2. Não é implicância.
3. O gospel me traz à pele o conjunto de valores, atitudes, pensamentos e práticas evangélicas de hoje. No conjunto, isso significa:
a) aceitação acrítica de pregações sem conteúdo, pobres, ocas, vazias;
b) aceitação de valores preconceituosos;
c) aceitação de personalidades doentes e dementes como representantes de Deus;
d) aceitação da demonização do pensamento crítico;
e) aceitação da demonização da liberdade, interpretada como apostasia;
f) aceitação do pan-emocionalismo neurotizado;
g) aceitação da negação dos valores do outro;
h) aceitação da demonização da religião que não seja a cristã;
i) aceitação de leituras burras e perversas dos textos sagrados como revelação e unção;
j) aceitação de medir a vida segundo critérios não plurais, não ecumênicos;
4. Esse projeto de vida e de sociedade me parece mau.
5. É ele que me vem à mente e à pele já no primeiro acorde...
6. Meu corpo me diz, quando começo a ouvir: corre, senão, tenho um treco...
7. E eu corro...
8. Talvez, por isso, ainda consiga ouvir alguns hinos de minha época de "novo convertido". Meu corpo ouve aquelas músicas e se lembra de sua inocência - e se sente bem.
9. Mas, de uns tempos para cá, não há mais inocência: caíram-me as escamas, e dói quando ouço essas ordens de comando político-comerciais...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Concordo plenamente Osvaldo! Não esquecendo, que quase em sua totalidade, é apenas mais um ramo comercial da música.
Nossa! Achava que era um comportamento exclusivo meu, que após ser batizado e convivido tanto tempo no meio evangélico, não conseguia mais escutar as musicas alienadoras, impregnadas da cultura tradicional, com os ditos e praticas que não aceito mais.
Me sinto mais honesto e feliz ouvindo musicas ditas "seculares" onde as pessoas são mais honestas com elas mesmas.
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