1. Não há como impedir que os partidos se organizem em torno de seus interesses. Os homens sempre gravitarão, eles e as mulheres, em torno de seus interesses. Não vem ao caso se esses interesses aparecem como reais ou se são interesses fabricados - por exemplo: usar Nike é um interesse puramente fabricado, mas, uma vez fabricado, é real, e é Nike que se quer.
2. A gestão política é a mesma coisa. Ela se põe no centro de uma colmeia de interesses - há grupos de todo jeito, modo, forma, condição, poder, recursos. Não há ouvidos suficientes para ouvir todos os interesses, e, todavia, tem-se de ouvir todos.
3. Não dá é para atender a todos.
4. Por isso, o gestor deve ter sangue-frio. Não pode ser um homem de partido. Ao menos, não pode se comportar como tal. Os homens e as mulheres de partido são aqueles que têm certezas, lado, soluções para tudo. Eles não têm dúvida - porque são o fundamento de si mesmos. O gestor precisa estar acima disso, saber considerar que a retórica do homem de partido é parte de sua fé e engajamento, de seu interesse, de sua adesão, é parte dele.
5. O gestor, pois, deve ser um homem ou uma mulher sóbrio, lúcido: seja o assunto qual for, da religião à política, passando pela magia da moda (a ecologia), há que se manter o bom senso, e pagar o preço da não-adesão aos apelos e desvarios dos partidos.
6. Porque os partidos vão e vêm conforme os dias.
7. Mas a sociedade permanece.
8. Por cima da nuvem dos interesses, há a sociedade, as informações, os cenários. É aí que reside o gestor. Se descer ao nível dos interesses, enreda-se, e não se salva mais...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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