1. "Para atingir o ponto que tu não conheces, tu deves pegar o caminho que tu não conheces".
2. Quem disse isso?
3. Nietzsche?
4. Paulo Freire?
5. Heidegger?
6. Heráclito?
7. Voltaire?
8. Pascal?
9. Derrida?
10. Freud?
11. Ou terá sido São João da Cruz?
12. É por isso, senhores, que não quero caminhar pelas veredas batidas das pisadas de ontem. Um vai por ali, e chega lá. Outro, por lá, e chega ali. Outro, por acolá, e chega mais além. E ali, lá e mais além é a mesma estrada de sempre, as mesmas alpondras dos mesmos rios disfarçados...
13. Mas, senhores, a mesma estrada de sempre! Escutem-me: a mesma estrada de sempre! A mesma alpondra, o mesmo rio, a mesma estrada, as mesmas coisas.
14. Não se pode ter o novo, fazendo as mesmas velhas coisas. O ponto que não sei só pode estar no caminho que não sei.
15. Todos os outros, já sei, já li, já foi cantado - e sei a cor da grama.
16. No púlpito, no manual de teologia, no artigo da revista, na comunicação, na conferência, é esse, é aquele, é aquele outro, cada qual querendo ser diferente, dizendo-se diferente, e fazendo tudo igual - porque, senhores, no fundo, ainda querem, todos, chegar aonde sabem: seu destino está em suas mãos, na sua testa...
17. Mas eu não quero esse destino.
18. Logo, não quero essa estrada.
19. Não sei o que São João da Cruz quis dizer com isso.
20. Mas eu sei o que fazer com isso.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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