1. É o problema de entrarmos nos salões das Ciências, mas com a cabeça cheia da fumaça do incensório. As palavras que aí pronunciamos têm a aparência das ciências, mas, no fundo - e no raso! - são, como sempre foram, Teologia, essa hipnose medieval - sim, meu amigo, medieval... porque "medieval" é a máxima era a que a Teologia chegou e chegará. Depois da Modernidade, apenas dando passos para trás é que a Velha Senhora permanecerá, cadavérica, na cadeira do trono...
2. Mas volto ao tema: "Deus é símbolo para Deus", escreveu o muitíssimo famoso teólogo Tillich. O que aí parece muito científica é a estrutura do discurso, a presença da palavra "símbolo", a aparência de profundidade. De fato, teólogos que se deixam enamorar dessa fórmula adquirem ares de não-fundamentalismo... Mas, no fundo, o são, tanto quanto aqueles que o fazem mais barthianamente, eu diria, mais fundamentalmente: porque há um fundamentalismo doutrinário e um fundamentalismo filosófico-espiritual, mutuamente equivalentes...
3. Ora, cara-pálida - símbolo para quem? Dita desse modo, a fórmula parece descrever a coisa tal qual ela é: lá está Deus, mas o que dele temos é símbolo. O que não está dito, o que a fé não pode dizer, que a ontologia, o que essa espécie de Teologia, envergonhada de si e invejosa dos salões universitários, daí os trajes universitários, não pode confessar, o que não se dirá é que, seja o primeiro, seja o segundo, é o homem quem os põe - e pronto. Põe o primiro, porque cria doutrinas e fórmulas cripto-medievais para dar conta do que põe enquanto segundo: o ser ontológico de Parmênides-Platão, pintado pelas tintas judaicas da fé monoteísta-personalista: então, Parmênides-Platão-Paulo.
4. O mais curioso é que o processo de dizer a coisa é tão passionalmente formulado que não se dá conta de que dizê-lo é revelar, na nudez irrefutável, que o fundamento desse Deus primeiro e desse Deus segundo é justamente aquele que se quer esconder o tempo todo, e que, quando se descobre como fundamento, se odeia, se detesta, se quer denegrir. Há um ódio do homem que aparece quando se descobre que ele é, afinal, o fundamento: aí, como se cospe na cara de Geni, cospe-se na cara desse homem. É o preço que pagarás, miserável, por teres revelado às crianças que não hámais chaminés nas casas... E o pagarás toda vez que o amor de Deus for lembrado piedosamente nas homilias e nas conferências...
2. Mas volto ao tema: "Deus é símbolo para Deus", escreveu o muitíssimo famoso teólogo Tillich. O que aí parece muito científica é a estrutura do discurso, a presença da palavra "símbolo", a aparência de profundidade. De fato, teólogos que se deixam enamorar dessa fórmula adquirem ares de não-fundamentalismo... Mas, no fundo, o são, tanto quanto aqueles que o fazem mais barthianamente, eu diria, mais fundamentalmente: porque há um fundamentalismo doutrinário e um fundamentalismo filosófico-espiritual, mutuamente equivalentes...
3. Ora, cara-pálida - símbolo para quem? Dita desse modo, a fórmula parece descrever a coisa tal qual ela é: lá está Deus, mas o que dele temos é símbolo. O que não está dito, o que a fé não pode dizer, que a ontologia, o que essa espécie de Teologia, envergonhada de si e invejosa dos salões universitários, daí os trajes universitários, não pode confessar, o que não se dirá é que, seja o primeiro, seja o segundo, é o homem quem os põe - e pronto. Põe o primiro, porque cria doutrinas e fórmulas cripto-medievais para dar conta do que põe enquanto segundo: o ser ontológico de Parmênides-Platão, pintado pelas tintas judaicas da fé monoteísta-personalista: então, Parmênides-Platão-Paulo.
4. O mais curioso é que o processo de dizer a coisa é tão passionalmente formulado que não se dá conta de que dizê-lo é revelar, na nudez irrefutável, que o fundamento desse Deus primeiro e desse Deus segundo é justamente aquele que se quer esconder o tempo todo, e que, quando se descobre como fundamento, se odeia, se detesta, se quer denegrir. Há um ódio do homem que aparece quando se descobre que ele é, afinal, o fundamento: aí, como se cospe na cara de Geni, cospe-se na cara desse homem. É o preço que pagarás, miserável, por teres revelado às crianças que não hámais chaminés nas casas... E o pagarás toda vez que o amor de Deus for lembrado piedosamente nas homilias e nas conferências...
Por que se escondeu esse menino?
– a Teologia de Tillich à luz da Semiótica de Peirce
– a Teologia de Tillich à luz da Semiótica de Peirce
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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Peroratio.