segunda-feira, 25 de março de 2013

(2013/340) Por que escreves, meu amor?


1. Bel e eu conversamos ontem até tarde da noite. Por que e para que(m) escrevo? Resposta: para quem está esperando a vida toda para ouvir. Não acredito que mudarei a forma de homofóbicos (e assemelhados) pensarem. A vida, se puder, os mudará. Não tenho nem pretensão nem projeto. 

2. Mas sou testemunha de que acolhi os livros que acolhi como quem acolhia aquilo pelo que esperara a vida inteira. Nenhum livro que li fez de mim o que eu não era já em potência - e, quando li, vi-me ali, era eu, me esperando.

3. Há muita gente que está a um passo de sair de si mesmo, de fugir da prisão em que ela mesma é para si, e depende, apenas, de ouvir uma voz, uma palavra, e reconhecer-se já fora, chamando-se...

4. Escrevo para isso.

5. Apenas na esperança de que alguém, preso por si mesmo dentro de si mesmo, ouça-se, através de mim, e tenha forças para encontrar-se consigo mesmo.

6. Porque foi assim que me ouvi e saí da prisão que eu mesmo era.

7. Ninguém tira ninguém de dentro da prisão que cada um é para si: só eu mesmo posso abrir as portas da minha própria cadeia...

8. Que meus textos sirvam para esses...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

5 comentários:

  1. Osvaldo,

    Poderia dizer que me libertei das amarras e do fardo da tradição com suas palavras! obrigado! Vislumbro um Deus muito melhor do que o de antes e me levanto contra essa insensatez e insanidade para com o próximo, seja quem for e que diferença tenha de mim. Num mundo tão plural, não há como encontrar paz sem ser na pluralidade.

    abraços,
    Fabiano

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  2. Só posso lhe agradecer Osvaldo,me encontrei em suas palavras. Hoje me sinto uma pessoa verdadeiramente liberta,longe das amarras da religião.Um braço!

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  3. Osvaldo,

    perfeita sua resposta à pergunta da Bel, a você mesmo e a todos nós que te lemos e que muita das vezes não sabemos nem o que comentar simplesmente porque não há o que se acrescentar.
    Só tem um problema. Essa prisão é muito confortável, acolhedora, quase um colo de mãe, então, quando vamos saindo dela a sensação é terrível... dá um medo, umas vertigens, vazio, despropósito... e quantas vezes voltamos correndo!
    Aí a gente olha pra quem achamos que estava quase nos tirando dela e o odiamos... dura é esta palavra, mas é a palavra...
    Eu mesmo já me peguei repudiando suas idéias, maldizendo o dia em que dei com o seu blog... mas não fique triste com a gente não. Quando conseguirmos respirar a plenos pulmões o ar livre, e pudermos dançar, e pular e sorrir, saberemos a quem dizer: muito obrigado!
    Não deixa de escrever não... tem muita gente precisando sair, e outro tanto precisando conseguir ficar longe dela...
    Grande abraço!

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  4. Continuarei lendo-o por aqui, se é que a Ditadura me permitirá...

    Abração e admiração total!!
    Sempre aluno, André Daniel...

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